quarta-feira, 20 de abril de 2011

A última filha

O nome da minha avó é Angelina Pastore Botto, mas  ai de quem a chamasse assim...
Desde que eu a conheci ela sempre foi a Nena, para mim a Vovó NENA! E era assim que deveríamos chamá-la.
Pelo primeiro parágrafo , já podem perceber que minha vó era brava. Mas uma bravesa característica do sul da Italia, que mistura alegria com melancolia... mas que contagia os mais variados corações.



Posso dizer que minha mãe não puxou em nada a Vovó Nena no quesito vaidade, já no quesito "sarrista de ser", as duas são "gêmeas" rsrsrs.
A Vovó Nena era uma das pessoas mais vaidosas que já conheci na vida.
A imagem que tenho de minha infância e adolescência eram suas enormes unhas vermelhas (ela odiava cor clarinha), sempre com o cabelo impecável e sapatos lindos, por mais que doessem a beça e lhe rendessem uma enorme joanete.

Não tem quem na família não se lembre das bagunças da minha avó, o jeito esculachado de brincar com todos, e o sofrimento disfarçado pela pressão da vida dentro de casa.
Ninguém que passou pela linda Nena se esquecerá dela.

A filha de Dona Izabel e Sr  Pedro  foi a última a falecer dos seus 8 irmãos, e posso dizer que  foi a que mais sofreu.
Minha Querida Vovó Nena, faleceu semana passada, e estava sofrendo de Mal de Alzheimer há mais ou menos 10 anos...

Abrindo um parênteses: 
"Meu bisavô Pedro morreu na revolução de 1924 "A Revolução Esquecida". Mas não pense que ele estava lutando, e sim, voltando tranquilamente para casa, para sua esposa e seus 8 filhos, quando uma granada é jogada em sua direção.
A Teia tinha simplesmente 3 anos quando tudo aconteceu. Minha bisavó falsificou as datas de nascimento da Tona, Teia e Vovó Nena, para poderem trabalhar fora e ajudar no sustento da casa.
Todas trabalharam na Casa Cosmos, atual Brooksfield."

Escrevendo sobre ela agora, surge uma tristeza no meu coração, mas ao mesmo tempo uma alegria e orgulho de ser sua neta. Eu e meus irmãos são seus únicos netos.

Agora uma parte memorável: A COMIDA
Tudo, ABSLOTUTAMENTE tudo que minha vó cozinhava era excelente. E detalhe, tudo sem receita.
Se você perguntasse a ela como fazia, ela dizia: Um pouquinho disso, uma pitada daquilo, e assim por diante.
As frituras eram fenomenais, a melhor batata frita da minha vida, o melhor molho de macarrão, o melhor bife a milanesa (crocante e macio), as melhores sopas, ops, brodos, principalmente o de capelleti! Que caldo era aquele..., UAU, vou ficar aqui o dia inteiro escrevendo.
Lembro quando morei em sua casa, na época insuportável de cursinho. Ela sempre preparava o almoço para mim, em horários diferentes dos demais da casa.Que delícia ser recebida por ela oferecendo aquelas comidas que só ela tinha a "mão" perfeita para fazer.
Conhecer a comida da Vovó Nena me tornou uma pessoa insuportável e exigente em molhos de tomate.
Quando saí de casa para estudar, minhas companheiras de faculdade deviam me esculachar pelo fato de não admitir em casa molhos de latinha!. Imagina, eu que cresci comendo molho feito em casa, e ainda por cima pela vovó Nena?? Vocês não imaginam o sabor, o cheiro... nunca mais comi igual. Mas me tornei uma analisadora de molhos em restaurantes italianos! rs...


A Vovó Nena é uma das irmãs da Tona, aquela querida da qual escrevi aqui no Blog

Vovó Nena, você mora no meu coração.
Jamais te esquecerei.

Saiba que quero passar para Julia tudo que vi em você e como hoje vejo na minha mãe.
Sinto orgulho de ser sua neta e fazer parte da sua descendência,

Com amor,
Paula

Um comentário:

  1. Amiga meus sentimentos não sabia! Que Deus console muito o coração da sua família. With Love Mi

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