quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Apelido - Minha Vida

um tempo, numa cidade pequena chamada Lins, eu sofri.
Calada, em casa, trancada no meu quarto.
Minhas lágrimas já não tinham mais valor para meus pais, pois a constância delas eram parte do meu cotidiano adolescente.
Vivi essa fase onde não se ouvia falar em regimes, e ser magra, bom, ser magra era ser feia.
Então eu era alta e extremamente magra. A cada entrada nas salas de aula, formavam-se filas por ordem de tamanho. Eu era a última.
Contudo me resultou em um apelido: SERIEMA, uma ave de pernas bem compridas.
Não se pode calcular aos 13 anos de idade o sofrimento que isso causa.
Passei a usar truques, bermudas por baixo da calça para parecer mais "cheinha".
Fugia das aulas de educação física pela vergonha dos joelhos mirrados.
Cheguei a desistir do garoto mais lindo da escola, o medo do apelido era maior.
Sim, me escondi por muito tempo, uma estranho no ninho.
Demorei a acreditar em elogios.
Então me percebi mulher e que podia ser bonita.
Hoje agradeço a Deus por esses momentos, por esse apelido.

Um apelido envolto em lágrimas, fugas e solidão me levaram à misericórdia.
Com ele vejo as pessoas do outro lado, o do esquecimento.
À quem sozinha no banco da igreja, isolada no trabalho em meios a grupos fechados, caladas na sala de aula....
Minha alma anseia por estender a mão e abrir um sorriso.
Eu sei, eu passei por isso.
Seja bem vinda, seja bem vindo amigo esquecido.


Hoje tenho uma filha e fico evitando desde já qualquer sofrimento que ela possa ter.
Mas quando lembro do apelido, sei do sentimento de compaixão mais nobre que brotou em meu coração.


Não posso evitar que a Julia passe por isso, mas posso ensiná-la a jamais desprezar alguém.

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